Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009

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Quero falar, posso? Sim, preciso dizer o que me vai na alma. Tudo aquilo que se está a passar comigo. Ok, aqui vai... ... ... ... Pois, de facto, já que se fala nisso, não sei bem por onde começar, mas tenho muito para dizer. Se calhar não sei por onde começar porque na verdade não tenho nada para falar. Quer dizer, até tenho, mas não sei bem o quê. Sinto vontade de falar, mas também de ficar calado. Tenho andado mudo. Só digo merda. Aliás, nem sei bem o que digo. Quando dou por mim já abri o livro e lá saiu mais um chorrilho de disparates. Típico. Não tenho consciência de estar em mim durante horas, mas quando acordo é para ter a noção que já disse qualquer coisa que se não tivesse sido dita ninguém ia lamentar não ter ouvido.

Não sei o que sinto. Sinto um vazio dentro de mim, mas ao mesmo tempo há em mim um peso de tal forma pesado (salva a redundância) que me tira toda a acção e me impede de ter atitude, acção. Se estou vazio como é que posso ter este peso? Afinal tenho cá qualquer coisa... O que é este vazio? E que peso é este? Como é que os dois coexistem no mesmo espaço? Estranho? Nem por isso. Comigo isto é possível.

Sinto-me morto, mas ao mesmo tempo sinto-me vivo. Estou a teclar, estou a dar conta do que escreco, logo, estou vivo. Mas estou morto, não tenho vida. Como é que alguém que está vivo se consegue sentir morto e não consegue ter dinâmica suficiente para viver a vida? Ironia? Contradição? Incoerência? Serei um morto-vivo ou um vivo-morto? Serei um párea? Serei um anjo? Serei um demónio? Serei simplesmente um Ser Humano? Ser-se Humano é ser isto? Não quero...

Estou triste porque sinto que não tenho nada. Mas sinto-me feliz por ter tanta coisa à minha volta. Não tenho aquilo que quero. Será que tenho aquilo que preciso? Será que preciso daquilo que quero? E será que quero aquilo que preciso? Preciso do que não quero? Como querer aquilo que se precisa, quando queremos algo que sentimos que precisamos? Posso estar feliz por me sentir sem aquilo que quero? Será a insatisfação uma forma de felicidade que nos motiva a buscar e a lutar? Não tenho vontade de lutar... dá trabalho. Mas se não der trabalho não vou dar valor... porque é que o fácil tem um valor diminuto? Será que tudo o que é fácil vale pouco? Talvez por isso sinta tão pouco prazer em estar neste mundo, afinal vim ao mundo sem mexer uma palha, os meus pais fizeram tudo por mim. Se me tivesse custado, talvez valorizasse estar aqui a pensar e a escrever merda, como já é habitual...

Não me consigo definir. O que sou eu? Quem sou eu? Afinal o que quero? Ah, já sei, quero tudo. Não, não quero nada, o suficiente já está bom. Quero... não quero... quero... não quero... bem, decido mais logo se quero ou não quero. O quê? Não sei. Primeiro decido se quero, e depois decido o que quero. Não, é ao contrário: primeiro decido o que quero, depois decido se quero. Mas se definir já o que quero, automaticamente vou querer, porque já havia seleccionado o que queria. E se não quiser? Posso definir o que quero, sem o querer? Não faz sentido, mas logo se vê, vai na volta até quero.

Sinto um aperto no peito... sinto outro no estômago. É a angústia ou a vontade de viver a palpitar dentro de mim? É a ansiedade negativa ou a ansiedade positiva? É a agonia ou a motivação? É a tristeza ou a alegria? É a depressão ou o êxtase que está cá guardado para momentos especiais, como aquele fato, aquela garrafa de champanhe ou até mesmo aqueles sapatos que guardamos para "o dia especial", seja lá ele qual for? Já gastei os meus créditos todos ou estou a transbordar de oportunidade e vontade e não tenho mais espaço, qual porquinho mealheiro cheio de moedas?... moedas de quê? Ora bem, vamos lá ver quanto é que eu valho... gosto muito de mim e quero o melhor para mim. Sim, o porquinho está é cheio de notas de 500 euros, quais moedas! Não, não valho nada, sou uma merda, estou cheio de moedas de 1 cêntimo, daquelas que ninguém quer. Espera, as moedas de 1 cêntimo costumam dar jeito aos comerciantes. Afinal, posso não valer nada, mas sempre sirvo para muita gente. Mas por mais que dê jeito a muita gente, notas de 500 dão sempre jeito a toda a gente, o universo é maior. Afinal, quanto valho? Moedas de 2 euros... não valem por 500, mas há quem coleccione moedas de 2 euros em edições especiais. Há quem atribua mais valor às moedas de 2 euros do que aquilo que elas valem. Mas também há quem pegue em dois euros e troque esta moeda por tabaco, para gorjetas, ou até para mandar cantar um cego. Sim, sempre podem servir para alguma coisa.

Inspiro... expiro... quando inspiro, inalo as coisas boas, ou trago para mim o mal que por aí anda? Como o mundo anda, acho que atraio doenças... ainda que o ar seja puro... semi-puro... depende... se estiver na Av. da Liberdade é mau... mas nunca me recordo de ter respirado fumo... mas posso inalá-lo sem dar conta e quando der por mim... E o suspiro? Extraio o que há de mau em mim, espalho magia, ou... simplesmente expiro? Posso espalhar magia e mandar como acessório um bocadinho do mal que tenho em mim? Acontece frequentemente... aliás, tenho jeito para artes mágicas... faço merda como ninguém e mesmo onde não a há, eu faço questão de a criar, como se tirasse uma ninhada de coelhos da cartola...

Estavamos mesmo a falar do quê? Ah... pois... Como vêem, era tão importante o que eu tinha para dizer (como de costume), que já nem me lembro o que era...

publicado por diariodeumfrustrado às 19:41
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16 comentários:
De diariodeumfrustrado a 26 de Fevereiro de 2009 às 22:14
Tens razão: o que interessa é o Agora. Estou a trabalhar para ultrapassar as dificuldades e vou conseguir. O Agora... sim, isso é o mais importante :)
De Kika a 26 de Fevereiro de 2009 às 22:38
BOA!!!! Estou a gostar de ouvir. Então vá, quero ver posts com esse tipo de atitude.
De diariodeumfrustrado a 26 de Fevereiro de 2009 às 22:55
:))))

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