Hoje errei. Também noutros dias e várias vezes hoje. Aliás, sempre. Mas o erro de hoje deixou-me com a consciência profundamente pesada. Estou habituado às faltas de educação e de civismo dos condutores. Hoje, a caminhodo trabalho, ia uma tipa (sem qualquer sentido pejorativo) a conduzir o seu carro bastante devagar e, como ia numa estrada sem saída, chegando ao fim, decidiu parar. Pensei que fosse para estacionar e a mulher faz marcha atrás e fica com o carro parado. Fiquei expectado a ver o que ia sair dali. Não ia sair nada. Ela nem estacionava, nem saía do local de onde estava. Ficou simplesmente parada com o carro atravessado em metade da estrada. Eu faço sinais de luzes e quando ela olha agito os ombros como quem diz "então?!". Ela faz-me sinal para passar mas avança o carro ligeiramente. Passo a mão à frente dos olhos, agitando-a, como que querendo dizer "tens noção do que estás a fazer?" e agito a cabeça. Acabo por passar, ainda perplexo e olho-a com ar reprovador pela sua azelhice. Já ia eu a acabar de passar pelo carro dela quando ela faz uma expressão como quem diz "estúpido, estava a deixar-te passar".
Mal passei por ela caiu a ficha: ela estava meio atarantada e não conhecia a estrada e estava a deixar-me passar. De uma forma muito estranha, mas estava a fazê-lo. E eu, em vez de reagir com indiferença face à azelhice alheia e com um sorriso face à gentileza, reagi de forma a que alguém começasse mal o dia e visse que ser gentil por vezes não compensa. À menina em causa, as minhas desculpas. De facto, fui idiota.
Ontem um grande amigo meu fez anos. Um número redondo é sempre um número especial. Organizou o clássico jantar de amigos, ao qual compareci. Fui colocado estrategicamente diante de uma tipa que parecia ter sido contratada para comparecer no jantar. Descobri que não, dado que era colega de trabalho da namorada dele e sabemos todos o que é que a rapariga faz. A G., que ficou diante de mim, vinha disposta a mostrar os seus atributos físicos e o decote favorecia-os ainda mais do que eles já se autofavorecem. Confesso que fazia um esforço enorme para não olhar para o peito da tipa enquanto ela falava comigo. Aliás, a melhor solução passou por olhá-la fixamente nos olhos, e se calhar ela ainda acabou por pensar que eu era um maníaco que olha as pessoas nos olhos e não desvia o olhar nem sequer para espirrar. Paciência. Tinha que ser, porque não gosto de ser apanhado a olhar para onde (teoricamente) não devo. Sou frustrado, mas não sou cego.
Não, não há história sobre a G.. Foi um jantar de aniversário, conversámos todos entre nós e não pensei por um segundo que fosse que poderia ser aquela a mulher da minha vida. Posso estar ansioso por encontrar alguém, mas não estou desesperado para estar com alguém a qualquer custa, seja quem for. Foi um jantar normal entre todos, sem nada do outro mundo. A história é mesmo sobre o meu amigo aniversariante, o E..
A namorada organizou o jantar e andou muito contente a noite toda. Pensavamos todos que o rapaz ia ter uma noite em cheio. Aliás, mais "em cheio" do que o que é habitual. Afinal, ele completava um número bonito, era uma ocasião especial e se era aniversário devia ter direito, no mínimo, a qualquer coisa da namorada. Hoje perguntámos-lhe como foi e ele diz "chegámos a casa, ela tinha sono e foi logo dormir". Estranho. Moram juntos, era o aniversário dele e... nada?! Eis que o E. conta o porquê:
- Ela disse que me chamou quatro vezes e eu não lhe dei muita atenção nessas vezes porque estava com outras pessoas.
Raios! Eram os anos dele! Ele era a estrela da companhia! Ele era a vedeta! É óbvio que todos queriam estar e falar com ele. Ainda assim, esteve quase o tempo todo com ela, falava com ela, sentou-se ao lado dela, mas quando ela o chamou, ele não lhe deu muita atenção nessas vezes para se conseguir distribuir por todos os que estavam ali por ele e ela castiga o rapaz, amuando.
Devo dizer que esta relação já dura há alguns anos e moram juntos há bastante tempo também. Mesmo assim, já terminaram tudo duas vezes, mas ela voltou sempre atrás dele e fez as promessas do costume: "vai mudar tudo", "agora vai ser diferente", "agora é que é". Enfim, conversa de mulher e o homem como é fraco, apanha-se sozinho e a situação começa a apertar e se no início ela é "uma cabra que só me desgraçou a vida e fodeu os cornos quando eu lhe dei tudo", às tantas passa a ser a "coitada, ela até era boa moça". Ora, em conversa com outro amigo nosso, este diz-me: "Ela já devia ter aprendido das outras duas vezes, mas continua a fazer das suas". Fui obrigado a discordar dele. Ela não devia ter aprendido nada. A natureza dela é, sempre foi e sempre será, aquela. Não muda! A culpa é dele. Ele é que já devia ter aprendido que dali só tem uma mulher caprichosa e imatura, capaz de estragar a noite de aniversário dele só porque o chamou e ele não lhe deu a atenção que ela queria e fazia questão de receber. Como é possível alguém ser tão egoísta? Como é possível uma mulher ser tão imatura ao ponto de agir desta forma? O rapaz é um santo, até as amigas dela o dizem, e talvez seja por isso que ela tenha percebido que estava prestes a perder um tipo às direitas: o tipo faz tudo em casa, fazendo muitas vezes até a parte dela; o tipo paga-lhe concertos, jantares, cinemas, só para a ver feliz; o tipo não lhe mente, nem a engana. E mesmo assim ela agradece-lhe com um amuo que estraga a noite de anos ao rapaz e fá-lo sentir-se culpado de algo que ele definitivamente não tem culpa.
Peço-vos desculpa pelo post anterior. Sinto-me envergonhado, sobretudo porque me expus demais. Ao mesmo tempo não peço desculpas, pois este é o meu espaço e tenho o direito de nele escrever tudo o que quero, penso e sinto. Tenho alguns momentos de fragilidade como os que evidenciei há dois dias e por diversas vezes hesitei em escrever ao mesmo tempo que enfrentava aquela profunda tristeza. Porém na segunda-feira não resisti e traduzi em palavras o que sentia. As sensações estão lá todas. Não pensem que sou um qualquer a tentar comparar-se a ídolos. Há por aí muita gente que, tal como eu, sente precisamente o mesmo. O meu post é dirigido a todos aqueles que acreditam e entendem o quão doloroso é ter tanto para dar, querer dar e nunca ter tido amor verdadeiro. Pedir alguém para passar o resto dos meus dias é muito? Talvez. Sobretudo porque sei que às vezes sou um personagem bastante chato e teimoso.
Este é um momento de coragem. Não liguem. É só um desabafo de alguém que está num momento alucinogénico natural criad por mim próprio, sem que tenha tomado o que quer que seja. Aliás, não tomo mesmo. Desde há algumas horas para cá estou num género de agonia, mas ao mesmo tempo aliviante. É confuso, eu sei. Eu sou confuso. Eu vivo e sinto duas coisas diferentes ao mesmo tempo. Fui procurar o videoclip de um grupo que já aqui falei e que são os meus grandes ídolos de sempre e encontrei um vídeo do anúncio nas notícias do dia em que Kurt Cobain morreu, em 1994. Raios. Que sensação tão estranha. Sempre que me cruzo com artigos ou vídeos relacionados com a morte de ídolos (meus ou não) fico estranho. Ao ter visto aquele video, apareceram mais sugestões com mortes de artistas, alguns dos quais são meus ídolos. Foi assim que vi o anúncio da morte de Elis Regina, em 1982. Adoro Elis Regina. Vi outros vídeos dela. Que estado puro. Que alegria que ela tinha em viver. Quão prematura foi a sua morte. A seguir a Elis, vi o anúncio da morte de Elvis Presley. Era o Rei do Rock'n'Roll e dizem que com ele morreu este estilo. Gosto destes mitos. Ajudam a manter vivas as verdadeiras lendas que era esta gente sobredotada capaz de cativar milhões de pessoas com algo tão belo e puro como a música.
Vi alguns clips de Cássia Eller, a cantora lésbica que faleceu, tal como Elis Regina, de overdose e tinha aquela música deliciosa que dizia "Eu só peço a Deus um pouco de malandragem". Vi, por fim, o anúncio da morte de Freddie Mercury. Já disse aqui que foi o primeiro grande ídolo que perdi. Sinto um frissom a ver estas coisas. Não sei porquê. Gosto de acompanhar estas imagens com imagens deles em vida, em entrevistas, na sua intimidade. Há de tudo no YouTube. É só procurarem. Gosto de me sentir por alguns momentos de volta a épocas como os anos 80 e 90 e sentir-me como seria se estivesse com esta idade nesses anos. Épocas bonitas, apesar de achar os anos 90 bastante vazios e muito comerciais.
Ao mesmo tempo tudo isto causa-me sensações estranhas: não é normal alguém tolerar ver o anúncio da morte de ídolos. A propósito, vejam o tal vídeo do funeral da Elis Regina. Vejam o rosto dela no caixão. Vejam como aquela mulher morreu em paz. Morreu nova, mas em paz. É, de facto, um conjunto de sensações que me causam agonia, mas ao mesmo tempo uma sensação estranha. Por vezes parece que deixo de ser eu próprio e sou outra coisa qualquer. Penso se fosse comigo. Sempre sonhei em ter uma morte santa e ficar gravado para sempre na memória das pessoas. Gostava de ter direito aos meus 15 minutos de fama, mas 15 minutos esses que me tornariam inesquecível, uma verdadeira lenda. Gostava de saber que décadas após a minha morte ainda falavam de mim e sabiam que eu tinha existido. Não me importava de morrer com a idade que tenho hoje, desde que me garantissem que jamais seria esquecido. Bem sei que se tivesse que morrer hoje me diriam que ia viver para sempre nos corações de todos, etc. O que é certo é que daqui a alguns anos já ninguém se lembraria do meu segundo nome a não ser os meus pais. A propósito, já disse a toda a gente que me conhece que quando morrer quero que o meu corpo seja doado à ciência. Temos muitos jovens médicos a precisar de praticar em corpos reais para um dia poderem salvar vidas e não se apresentarem inexperientes diante de um corpo ainda vivo. Acho que morto ainda posso ser útil, sobretudo fico aliviado por saber que graças ao meu corpo moribundo houve um jovem estudante que adquiriu experiência suficiente para poder salvar a vida a alguém no futuro. Não quero caixões, nem enterros, ou missas. Podem fazer um funeral enquanto última homenagem num caixão vazio. Às vezes as pessoas precisam ver o acto de enterrar algo, para também elas conseguirem enterrar o falecido de vez e poderem seguir as suas vidas. Não gastem dinheiro em mim morto, que eu também prometo não gastar nada. Tenho gastado tudo em vida.
Penso que gostaria de morrer como um grande ídolo meu e gostaria de o fazer agora se tivesse a certeza que poderia assistir aos momentos após a morte. Queria ver como reagiam as pessoas. Queria ver quem se lembraria de mim. Quem me chorava? Durante quanto tempo?
Muitas vezes tenho a sensação que já vivi muito, mas ao mesmo tempo a vida passou-me sempre ao lado. Raios! Podem achar pretensão mas... tenho-me sentido a minha vida toda como Freddie Mercury disse que viveu durante toda a sua vida. Sempre estive rodeado de gente à minha volta e sempre me senti muito só. Sempre me senti com muito amor para dar e, ou não valorizo o que me foi dado ou então tenho mesmo tido uma vida sem amor. Freddie Mercury sempre viveu frustrado porque podia comprar tudo no mundo, menos uma relação estável. Quanto custa o coração de alguém puro? Dou o pouco que tenho e pago as restantes prestações até ao fim dos meus dias. Troco uma casa, um carro, um blog com este nome e tudo o mais que tiver, por um coração cheio de amor para dar. Este mundo por vezes é cruel e a ausência de amor e consequente vontade em obter o fácil e o básico desfazem-me por completo. Alguém sabe a sensação de profundo vazio que é sentirmos que nunca tivemos amor, quando amor é tudo aquilo que desejamos desde que nascemos?
Ontem tive que tratar de um assunto numa loja de um qualquer centro comercial da Grande Lisboa. Tirei a senha e desesperei aguardei durante cerca de meia hora. Estavam cinco funcionários a atender. Enquanto desesperava esperava, observava um indivíduo que estava no atendimento. Uma voz efeminada, uns tiques e uma forma de se mexer que não enganavam nada: era bicha* e das grandes! Eu só pensava "raios! Um paneleiro. Com a sorte que tenho ainda vai ser este personagem que me vai atender...". Confirmou-se o previsto: foi mesmo ele que me atendeu.
Nunca tratei mal um homossexual ou uma bicha, nem tão-pouco fui mal educado com algum. Respeito-os enquanto seres humanos, mas não aceito ou respeito o seu gosto, o que não implica que goste de os humilhar ou ofender. Não o faço. No entanto, repito, como seres humanos que são, têm tanto direito ao respeito quanto qualquer outra pessoa. Tenho dito que se eu fosse gay, teria um harém. Os homossexuais aproximam-se de mim frequentemente e já falei disso aqui e aqui. Isso incomoda-me sobretudo quando me abordam. Já tive que intervir, especialmente naquela vez em que um me apalpou numa festa de Faculdade. Tive que reagir e não foi agradável para ele, acredito. Apesar de respeitar os homossexuais enquanto seres humanos, continuo sem entender a polémica em volta do casamento homossexual. Não é preciso fazer nenhuma alteração à lei. Os homossexuais já se podem casar: a Teresa pode casar com o Paulo, não pode é casar com a Paula. O Domingos pode casar com a Júlia, não pode é casar com o Júlio. Brincadeiras à parte, também já dei a minha opinião sobre o casamento gay e não retiro um ponto do que já disse aqui.
Já tinha ido àquela loja diversas vezes e confesso que já fui quer mal quer bem atendido. No entanto, acabei por ficar surpreendido com o excelente atendimento de que fui alvo pelo tipo: foi muito atencioso, muito prestável e ao mesmo tempo que esperava e mantinha a tal opinião "aquele tipo não" ia vendo que ele fazia o mesmo com as outras pessoas que atendia. E assim se desfazem mitos e preconceitos (alguns, não todos), o que não quer dizer que sejam todos bons exemplos quanto este.
* - Sim, acredito que ainda existe uma diferença entre bicha e gay, apesar de, normalmente, bicha incluir obrigatoriamente o gay, mas o fenómeno oposto nem por isso. Não, não compreendo porque é que as bichas se comportam de forma tão infeliz que mais parece quererem dar nas vistas.
Parece que um amigo meu quer seguir as minhas pisadas, mesmo sem fazer a mínima ideia que o está a fazer. É o tal que estava junto com uma pessoa há já largos anos e agora apanhou-se solteiro. O mal de nós homens ficarmos solteiros repentinamente sem termos tempo para avaliar a situação é que ficamos em choque e, ou entramos em coma emotivo e ficamos inertes durante algum tempo, ou então entramos em êxtase, perdemos o controlo e enlouquecemos. Já experimentei as duas formas e não sei qual delas é a "menos má". O K. inicialmente encontrava-se na primeira, e subitamente passou para a segunda. Começou por ficar em estado de choque. Depois passou a sair e distrair-se durante a noite. Há algumas semanas foi a um clube de strip beber um copo e conheceu uma striper muito jovem. Começou a pagar copos e privados e, como é natural, entrou em estado de sítio vício.
Passou a frequentar o clube e graças à conversa que tem conseguiu convencer a menina para sair durante o dia. O grande problema é que teve que fazer um forte investimento financeiro para isso. Desgraçou-se completamente e investiu várias centenas de euros só para a conseguir levar a sair. Começaram a sair há cerca de duas semanas, e a partir do segundo encontro as coisas aqueceram ao ponto de se envolver sexualmente com ela. Não deixou de frequentar o clube para a ver à noite e ela envia-lhe dezenas de mensagens durante o dia. Tudo isto aparenta ser o início de um grande romance mas nós, o grupo de amigos que ele tem, temos-lhe dado alguns conselhos. Na verdade, ele está de tal forma hipnotizado que já mal consegue trabalhar só para poder acompanhar o ritmo de vida da menina e conseguir descansar ao mesmo tempo. Felizmente, o K. é trabalhador independente. Infelizmente, os trabalhadores independentes têm que ter muito cuidado senão deixam de ter horários e deixam também de trabalhar.
Apesar de ser bom rapaz, há algo que contribui sobremaneira para que ela lhe dê tanta corda e esteja sempre com ele: ele paga-lhe de tudo e leva-a aos melhores lugares. Não a trata como striper ou como prostituta. Trata-a como mulher e como gostava de tratar a mulher da sua vida. Nós (o meu grupo de amigos) somos tão anjinhos e tão ingénuos que por vezes até dá pena. Nós já nos demos ao luxo de querermos tratar stripers e muitas outras mulheres comuns como se se tratassem de senhoras inocentes merecedoras de amor, carinho e educação, quando a maior parte delas é calculista e instrumentaliza gente disposta a dar o melhor de si. Às vezes dá-nos vontade de batermos uns nos outros só por sermos tão ingénuos e acreditarmos que muita gente fria e calculista que por aí anda tem sentimentos.
Somos nós que chamamos o K. à atenção para o facto dela ser uma rapariga nova, entusiasmada com um tipo que é extremamente simpático para ela, trata-a bem e que lhe paga tudo o que ela nunca ousou imaginar que alguma vez poderia ter. Alertamos ainda para o facto dele precisar ter o controlo da situação e não deixar que ela faça dele um pau mandado aproveitando-se do seu porreirismo (tanta moral que nós temos quando estamos do lado de fora).
Outra coisa que nos preocupa é o facto do K. não estar a tomar precauções na sua relação com a menina. O sexo é completamente natural. Ao mesmo tempo esta situação não nos preocupa. Como as coisas são nos dias de hoje, é mais seguro fazer sexo desprotegido com uma prostituta e/ou striper do que com uma cidadã comum. Hoje em dia, pessoas da nossa sociedade com uma profissão normal são extremamente perigosas, porque tendem a confiar nas pessoas que conhecem por aí, ou acham que conhecem, pensando coisas como "este/a é normal e tem uma vida normal, não parece ter nada de promíscuo". E depois surgem surpresas como o HPV, a Hepatite ou a SIDA. A maioria dos casos de SIDA dos dias de hoje já não são graças à prostituta ou ao homossexual que se relaciona com muita gente sem protecção, mas sim graças à "confiança". A esmagadora maioria dos casos de SIDA são de gente que leva vidas aparentemente normais e de quem jamais ousaríamos pensar que têm 1% de promiscuidade naquela sua mente aparentemente banal e ingénua. Em sentido contrário, quem trabalha no mundo da prostituição ou do sexo fácil já faz do preservativo (entre outras medidas) a sua bandeira e não o recusa por nada. Leio e vejo vezes sem conta reportagens que mostram que as prostitutas recusam propostas para terem relações sexuais sem protecção, ainda que lhes acenem com bastante dinheiro. É por isso que insisto que hoje em dia é mais seguro ter sexo sem preservativo com uma prostituta do que com uma mulher comum, apesar de existir, claro, sempre um risco elevado neste tipo de relações.
Outro dos riscos que o nosso amigo K. está a correr é o dela lhe dar a volta à cabeça e engravidar. Aí é a morte do artista e sai a lotaria à senhora. O risco disto acontecer existe a todo o tempo, mas aumentará quando ele começar a ter consciência que não é aquela mulher que ele quer até ao fim dos seus dias e lhe passar a febre da putice aguda onde ele é o "patrão" que se passeia com a striper. Então, ele vai querer afastar-se e ela vai querer manter aquele estilo de vida. Vale tudo, sobretudo quando falamos em brasileiras que têm sempre um trunfo guardado no bolso.
Por falar em brasileiras, a sua ex-mulher que é portuguesa decidiu voltar à carga e começou a abordá-lo sobre um possível reatamento. Começou com incursões bastante discretas e distantes e agora manifesta algum desespero. Faz-lhe ataques típicos de quem já não sabe a que mais truques recorrer, dizendo-lhe coisas como "a decisão do nosso futuro está nas tuas mãos" ou "estou dependente do que tu disseres que devemos fazer". O K. vive em permanente ilusão dada a sua situação e deu com os pés à ex-mulher. Já esteve bastante interessado em voltar para ela, mas agora com este estilo de vida, nem pensar. A vida dele mudou e, de acordo com as suas palavras, não tem motivos para voltar para a ex:
- Eu tenho uma brasileira escultural, do melhor que por aí anda, ainda semi-adolescente, que faz sexo comigo 20 vezes ao dia e faz de tudo para me agradar, não me dá conta da cabeça e dá-me tudo o que eu quero, e tenho a minha ex que me vem falar de voltar ao que tinhamos, e só me lixa a cabeça com conversas sobre dependência, voltar, que a culpa é minha do mundo não estar bem, e que não posso fazer a mínima coisa sem correr o risco de se acabar a relação porque ela dá-me conta do juízo porque deixo a toalha em cima da cadeira, etc. Sinceramente, dá para competir?
Passo a responder: não, assim não dá para competir. O "homem médio" sente-se realizado com um bom par de mamas e com um belo rabo que se mexa razoavelmente bem. A "mulher média" não se sente realizada, nem tão-pouco satisfeita, com uma boa pila. A "mulher média" precisa ter algo mais que a complete. Dou este conselho às mulheres: o acesso ao mundo das prostitutas brasileiras é como a homossexualidade: quem vai, já não volta! Não dá para competir. Um tipo até pode dizer que não quer, e de facto não querer mesmo para não correr o risco de se perder. Mas quem experimenta, já não quer largar mais. São ligas completamente diferentes. De um lado temos o Manchester United, o Real Madrid e o AC Milan, que são as profissionais prostitutas brasileiras, e do outro temos o Estoril, o Gil Vicente e, na melhor das hipóteses, o Belenenses. Ou seja, quando estes últimos entram em campo, já entram a perder. Perguntem a qualquer jogador se preferem o Manchester United ou o Gil Vicente e vão falar-lhes no amor à camisola, à carreira e ao futebol no seu estado mais puro. Qualquer jogador vai querer o Manchester United. Só mais tarde, quando percebem que já não têm as condições físicas que tinham antigamente, e estiverem em final de carreira, é que vão querer acabar no clube do coração. De facto, chega a dar dó a forma como muitas mulheres abordam o sexo: muitas ou não têm vontade ou a pouca vontade que têm resume-se a um missionário e as únicas palavras que proferem durante o acto são "despacha-te" ou "então? Vais demorar?". Depois admiram-se que são traídas e os maus da fita são sempre os companheiros. Pergunto-me: porque será? A mulher brasileira, tal como o futebol, tem qualquer coisa inexplicável que dá a volta à cabeça dos homens. Se uma mulher portuguesa além de não ser muito dada a relações sexuais com o seu companheiro, ainda lhe dá conta da cabeça a querer discutir o sexo dos anjos, não se admire se vier a ser trocada. Pelo menos é assim que o "homem médio" pensa.
As prostitutas brasileiras são assim. Não queiram competir com elas. Podem andar lá perto de vez em quando, mas aquelas mulheres têm algo que mais nenhuma outra no mundo tem. É quase impossível resistir-lhes. São muito raros os que conseguem resistir-lhes. Só se consegue fugir deste padrão do "homem médio" quando o sexo não é tudo e conseguimos ainda pensar com a cabeça de cima mesmo quando a tentação está prática e literalmente em cima de nós. Por isso digo: não censurem os vossos namorados/maridos/companheiros por olharem para elas ou por assumirem que estão a resistir à tentação. Se há coisa mais ridícula neste mundo são as mulheres que se zangam com os homens se lhes aparece à frente uma tipa fisicamente perfeita a abanar-se por todo o lado. Enquanto ele olhar por alguns segundos, está tudo bem, pois aquilo que lhe aparece à frente é, de facto, diferente do que ele deve ver no dia-a-dia. Não os pressionem e não os façam ver que aquilo que se cruza diante dos seus olhos é proibido, porque o fruto proibido ainda é o mais apetecido, sobretudo quando se pensa demasiadas vezes com a cabeça que não se deve. Acima de tudo não os pressionem se não lhes dão aquilo que eles querem. Se não lhes dão o que eles tanto querem e como querem, têm duas opções: acabem a relação e procurem outra pessoa que combine com a vossa forma de estar; continuem com essa pessoa, mas não se admirem se forem enganadas. O mesmo se aplica aos homens relativamente às suas companheiras. Anda por aí muita gente que não se entende, ou que se sente limitada, a nível afectivo e/ou sexual e que mesmo assim põe as mãos no fogo pelos seus companheiros. Lembrem-se que raros são os casos de gente que se sacrifica a nível afectivo e sexual só para não enganar o companheiro. A esmagadora maioria, se conseguir, procurará manter uma relação paralela com outra pessoa que compense onde o/a seu/sua parceiro/a falha.
Nota: Quando se fala em "homem médio" ou "mulher média", generalizo. Ainda assim, sei que existem muitas excepções à regra. Aquilo de que falo é do "normal", do "médio", do que habitualmente se vê e sabe que existe. Mas, reitero, apesar de generalizar, não quero, de forma alguma, incluir todas as mulheres ou todos os homens neste padrão por mim caracterizado.
Desisti da minha terapia com a Dr.ª I. A culpada não é a Dr.ª I., pelo contrário. Identifiquei-me bastante com ela e é bom ter alguém que me ouve, me compreende e me consegue ajudar a ter alguma lucidez sobretudo quando mais preciso de opiniões imparciais e de alguém que me conhece verdadeiramente. Posso dizer que ela me conhece bastante bem. Aliás, acho que ela me conhece como ninguém para ser muito sincero. Porém decidi desistir da terapia porque perdi a fé em mim. Considero-me uma pessoa que padece de uma doença, a falta de fé em mim, a ausência de auto-estima, etc. A terapia funcionava para mim como um analgésico e não como uma cura. Aliás, é bem provável que a terapia estivesse a funcionar como cura, mas eu via-a como um analgésico: ajuda a passar a dor durante alguns momentos, mas a doença continua lá. Sempre que saía da terapia saía cheio de confiança, mas mais tarde ou mais cedo caía em mim e voltava à realidade. Tinha momentos de sonho e de confiança que depois acabavam por deixar-se ultrapassar pela realidade quando me apercebia que afinal sou mesmo um ser cinzento e que a minha vida toda serei um ser que será indiferente para a maioria das pessoas.
Infelizmente vivemos num mundo onde o exterior conta e bastante. Tenho dito que para mim o exterior conta 40% e o interior 60% (mais coisa, menos coisa). A sociedade por vezes consegue ser muito cruel. Vivemos de imagens. E se não tenho uma imagem desejada pela maioria da sociedade, nem sequer sou notado e nem tão-pouco tenho oportunidade de mostrar o que posso ter de bom a nível interior. Não sou nenhuma aberração, mas sou "cinzento". Passo despercebido, sou mais um no meio do rebanho. Isso diminui a minha auto-estima. Nunca me dei ao luxo de receber um olhar travesso de alguém, nunca me dei ao luxo de receber um número de telefone de alguém, nem tão-pouco ousei ser abordado por uma mulher que fosse. Creio que isso mostra o quão indiferente e básico sou a nível físico. O interior fica guardado.
Ao mesmo tempo a Dr.ª I. pediu-me para pensar se não terei nascido para ficar sozinho. Confesso que já o fiz diversas vezes, mesmo antes dela mo sugerir. No entanto, só depois de sair da "conversa" é que dei por mim a pensar na situação: raios, serei eu assim tão mau que o meu futuro passe por estar sozinho? Fiquei baralhado, mas como tenho andado meio anestesiado, fui deixando andar. Hoje, subitamente, à hora do almoço, nem sequer estava a pensar no assunto, mas tive um momento de lucidez. De facto, posso ter nascido para ficar sozinho e só tenho que me mentalizar disso e passar a sentir isso como uma vantagem, como me disse a Dr.ª I. No entanto, não é que eu seja assim tão mau que mereça estar sozinho. O problema é que há muita gente que, tal como eu, nasceram para estar sozinhos mas não o aceitam e acabam por forçar-se a estar com alguém, ou a tolerar a companhia de outra pessoa. Talvez seja por isso que muitas relações, tal como as minhas anteriores, dão errado.
Ainda assim tenho que dizer que as terapias não são medicamentos imateriais que se dão a doentes mentais. As terapias são recomendáveis a todos e o Serviço Nacional de Saúde devia contemplar programas de saúde mental. Não é preciso estar-se louco. Mas faz falta alguém para nos ouvir, para nos entender e ajudar a "arrumar a casa". Não padeço de nenhuma doença mental. Padeço de uma doença de alma, tal como todos padecemos seja porque motivo for. Por vezes um desabafo feito à pessoa certa pode fazer toda a diferença na nossa vida e, por norma, um terapeuta é a pessoa certa como técnico profissional que é. Não descuro a terapia, e não digo "até sempre". Mas digo um "até breve" e digo-o com confiança pois o dia em que voltar à terapia é o dia em que voltei a ter confiança no futuro e fé em mim próprio. Tenho o meu futuro em branco. Vou deixar as coisas andarem e ver no que dá. Aos poucos vou concertando algumas coisas em mim, pelo menos esforço-me nesse sentido. Vou "de férias" da terapia, como disse a Dr.ª I. (gostei da analogia), e espero voltar um dia. Por enquanto preciso de alguns momentos comigo.
Dia 20 de Dezembro os Gotan Project vêm ao Campo Pequeno para um dos concertos da sua última digressão mundial. Alguém vai querer perder?
Hoje uma tipa chamou-me "ordinário" porque depois de algum tempo a empatar-me empatar o trânsito, vi-a estacionar em cima de uma passadeira e chamei-a à atenção para o facto dizendo:
- Oiça lá, não sabe que é proibido estacionar em cima da passadeira?
Convencidas como as mulheres são hoje em dia deve ter percebido qualquer coisa como:
- Ouve lá, deixas-me saltar-te para cima e foder-te como se não houvesse amanhã?
Não sei, mas depois de ouvir o célebre "ordinário", lembrei-me de uma música do Miguel Ângelo que era qualquer coisa como "Está tudo louco/doido varrido"...
Vou desistir da minha terapia. Só amanhã falarei sobre isso aqui, depois de falar com uma pessoa que tem sido bastante correcta comigo e me tem compreendido e valido bastante.