Domingo, 29 de Março de 2009

382

Há alguns anos recebi no meu e-mail um dos muitos textos que correm mundo cujo conteúdo dizia respeito à alegada oração de um jovem atleta norte-americano que havia ficado paralítico. Nesse texto, o seu autor declara ter pedido uma série de coisas a Deus, tendo recebido precisamente o oposto, algo que ele justifica como tendo recebido tudo aquilo que precisava e não tudo aquilo que queria.

Neste fim-de-semana dei por mim a pensar sobre acontecimentos da minha vida e, apesar de ter uma visão de Deus muito diferente da maioria, acredito que existe algo diferente do Deus que as religiões concebem, facto que me permitiu lembrar das palavras daquele tal texto que li há imenso tempo.

Pensando sobre a minha vida acabo por concluir que sempre tive um género de Anjo da Guarda por trás de mim a proteger-me de coisas em que outros provavelmente caíram e se desgraçaram. Acho que as coisas mais "chatas" na minha vida se devem a kharmas negativos que tenho, quer de vidas passadas, quer desta, onde fiquei a dever ainda mais do que já devia. Ainda assim, e apesar de tudo o que já fiz de errado e apesar de tudo aquilo porque passei, sinto que existe uma protecção "qualquer" que me impede de ter o mesmo destino ainda mais negativo do que os outros.

Tudo isto é contraditório quando por outro lado vejo que sempre que procurei o Amor, tive parte dele, mas acabei por ter o oposto. Sempre que procurei a Felicidade, ainda cheguei a provar o seu sabor, mas acabei longe dela. Quanto mais desejei Paz, ainda deu para cheirá-la, mas acabei por experimentar o tormento. Quanto mais quis uma coisa, pouco vi do que queria e acabava por me afastar para longe do que tanto pedia.

De há algum tempo para cá comecei a adquirir algo que creio ser fundamental para a nossa existência, o conhecimento. Conhecimento do que somos e do que nos rodeia, sem vermos tudo apenas do nosso ponto de vista. A ignorância fazia-me julgar que já era boa pessoa o suficiente e que tudo à minha volta era uma tremenda injustiça, sem perceber o porquê de tudo isto acontecer. Hoje vejo as coisas de outra forma e aquilo que quero, essencialmente, é tornar-me uma pessoa melhor. Tornando-me uma pessoa melhor, acabo por me beneficiar e beneficiar todos aqueles que me rodeiam.

Com o conhecimento que fui adquirindo, ou com a tomada de consciência, se assim lhe quiserem chamar, pude constatar que as coisas acontecem por um motivo, ainda que nós o desconheçamos. Possivelmente, em todas aquelas vezes que procurei o Amor, a Paz e a Felicidade, tive uma curta passagem pelos mesmos (ou julguei que tive) e acabei por experimentar o oposto, já para poder saber precisamente o que não queria, ou para que quando estas três características da "vida perfeita" vierem ter comigo eu saiba agarrá-las e honrá-las! Pensar assim, ajuda-me a sentir-me bem comigo próprio e a ser melhor para os outros.

De repente, não dou por mim a olhar para todos os que me rodeiam para ver se existe alguma alma neste mundo capaz de notar a minha presença. De repente, não dou por mim a querer que alguém veja o quão bom eu sou (ou posso ser). De repente, não dou por mim a exigir que reparem na minha boa disposição e que tudo gire à minha volta por um segundo que seja. De repente, dou por mim sem me preocupar com rigorosamente nada e a pensar apenas em fazer a minha parte na vida, sem pensar se alguém algum dia me agradecerá por ser uma alma de tão elevada qualidade! Com esta atitude, tenho afastado a tremenda pressão que recaía em mim e tenho começado a experimentar algo que creio até muito recentemente não ter: auto-respeito! Sim, respeito por quem sou.

Tenho consciência do valor que tenho e de tudo aquilo que tenho aprendido na vida mesmo quando andava cego ao ponto de pensar que tudo aquilo era uma injustiça. Não era. Tinha que aprender com todas aquelas situações. Porque fui protegido por algo "divino" em situações que a maioria das outras pessoas se desgraçaria? Não sei, mas desde já fica o meu obrigado. A mim cabe-me apenas ser uma alma melhor que faça o bem e se auto-respeite. Desta forma encontro tudo aquilo que sempre quis: Paz, Amor e Felicidade. O formato em que cada uma dessas coisas vem até mim não é igual ao das outras pessoas. Aliás, todos somos diferentes e não temos formatos iguais, o mundo é que pensa que seguindo padrões e modelos irá encontrar a felicidade que o vizinho do lado encontrou.

publicado por diariodeumfrustrado às 20:48
link | comentar | ver comentários (5) | favorito
Terça-feira, 24 de Março de 2009

381

Estou de férias. Aquela que devia ser uma fase de descanso, tornou-se na fase dos berbicos: eu é consultas, eu é exames, eu é tapar buracos pendentes, eu é abrir outros novos. Pelo menos de falta de emoção não me posso queixar.

Ao mesmo tempo que encerrei a conta num banco, decidi abrir uma conta num outro, a qual destinarei exclusivamente a investimentos. Falo de investimentos como se falasse de milhões de euros, mas se me mantiver disciplinado e focado neste objectivo, um dia lá chegarei! Decidi que todos os meses canalizarei parte do meu vencimento para esta conta. Será transferido a diferença com que fui aumentado a partir da certeza da minha permanência no posto de trabalho. Este investimento implicará alguns sacrifícios, mas acredito que mais tarde serei recompensado.

Decidi ainda arranjar um hobby. A vida não pode ser só trabalho e casa. Falta um complemento. Decidi, assim, que esse meu hobby estará relacionado com a música, a minha forma de arte favorita e à qual já dedico muito ouvido. Quem sabe não dedicarei também as mãos, a voz e a criatividade?

Quando era pequeno devorava, quase literalmente, os livros que me apareciam à frente. Faltavam computadores e por vezes faltava energia para tanto verão, ou bom tempo no inverno que me permitisse brincar com os outros da forma que possivelmente pretendia. Então dedicava-me ao que restava: ler. Só não lia os livros que os meus pais aqui tinham porque, enfim, tinham conteúdo para o qual possivelmente ainda não estava preparado.

Mais tarde, chegou o computador, que muito contribuiu para dar razão à música "video killed the radio star", o que neste caso dá qualquer coisa como "computer killed the book star". Deixei praticamente de ler, para minha infelicidade. Tentei por diversas vezes retomar o vício, mas sem sucesso. Hoje em dia começo a ler imensos livros, mas desmotivo-me 20/30 páginas depois e andam aqui todos por ler. Já me obriguei a ler o clássico que toda a gente diz que adora (ainda que ache que alguns o façam só porque fica bem), Eça de Queiroz. Fuzilem-me, pois morro de tédio só de o ler, por mais bem escrito que esteja. Hoje em dia só descubro um tema que me entusiasma: biografias. São os únicos livros que me conseguem prender a atenção até ao fim. Sou diferente da maioria, não sou? Gostava de retomar o vício da leitura com outros temas, mas ando bastante perdido nesse capítulo.

Estas são as minhas novidades. A questão da casa terá que permanecer adiada por mais algum tempo. Mantenho-me atento às oportunidades, mas vou preparar-me para fazer um esforço financeiro para uma questão de saúde, questão essa que, embora não sendo nada grave, também não está relacionada com estética. Vai ser uma valente "pissada", mas vale a pena o sacrifício. Paralelamente, sei que não estou preparado para dar esse passo neste momento porque creio que mudar-me sozinho vai reflectir-se num maior isolamento relativamente ao mundo. Aqui, de uma forma ou de outra, ainda vejo algumas pessoas e convivo com quem está perto. Se me mudar em definitivo, e sozinho, neste momento, vou ficar completamente sozinho e esperar pelas raras visitas de amigos, o que me deixa relaticamente agoniado só de pensar na solidão. Uma coisa é estarmos sozinhos porque queremos, ou não nos importamos, o que facilita na questão da mudança, outra completamente diferente é estarmos isolados porque as condições a isso obrigam. Darei o passo... brevemente! Estou certo disso.

publicado por diariodeumfrustrado às 20:09
link | comentar | ver comentários (4) | favorito
Domingo, 22 de Março de 2009

380

O que é o amor? Hoje pensava sobre o amor. Aliás, pensava sobre o que poderia ser o amor. Vejo o mundo à minha volta e vejo muita gente acompanhada, muitos casais, muitos namorados, muitos cônjuges, muitos parceiros, etc. Vejo nesses mesmos "casais" muitos beijos, muitos abraços, muitas trocas de gestos, alguns olhares e algumas palavras, mas, no entanto, confesso que quanto mais vejo todas estas demonstrações de afecto mais confuso fico relativamente ao amor e aquilo que ele representa.

Uma das coisas que me faz confusão relativamente ao "amor" deve-se ao facto de ver que o mesmo indivíduo que hoje abraça a mulher, olha-a nos olhos e diz que a ama com todo o sentimentalismo do mundo, é o mesmo que amanhã está agarrado a outra, de joelhos, a pedi-la em casamento e a jurar ser dela para sempre, e no dia seguinte já está prestes a cortejar uma outra que se lhe atravesse no caminho. Simultaneamente, a mesma mulher que suspira vezes sem conta ao longo do dia pela sua alma-gémea, é a mesma que amanhã suspira por outro e que no dia a seguir enche de mensagens românticas o telemóvel de um terceiro. Repito: o que é o amor?

Olho à minha volta e vejo gente que investe rios de dinheiro no casamento de sonho com a sua cara metade, que no momento do casamento chora de emoção por ser o dia mais importante da sua vida, que suporta o acordar rabugento do/a seu/sua companheiro/a, mas ao fim de alguns anos aquela camisa às riscas não faz muito sentido, discutem, separam-se, divorciam-se, odeiam-se. Refira-se que também os há que se ficam pelo "divorciam-se".

Namoram durante anos, fazem férias juntos, passam horas e dias juntos, fazem juras de amor, compram casa juntos e juntam-se, mas num fatídico dia foi deixada uma toalha molhada em cima, e não dentro, do cesto de roupa para lavar. Discutem, separam-se.

Saem juntos, convivem, identificam-se um com o outro e sentem-se verdadeiras almas gémeas, mas aquela terceira ida a Bali dá a entender que a relação caiu numa rotina. Desmotivam-se, separam-se.

Insisto na pergunta inicial: o que é o amor?

Não me lembro de como era no passado, porque só me recordo desta vida que tenho há já alguns anitos (e em Maio completo mais um), mas tenho um sétimo sentido (dado que o sexto é a intuição e esta não se aplica ao passado, apenas ao presente e ao futuro) que me diz que antigamente tudo era diferente. Calma, afinal ainda me lembro de ver gente a insistir nas relações. Sim, lembro mesmo. É certo que eram tempos em que se calhar muitas pessoas se escolhiam um pouco à sorte, ou deixavam-se escolher pela primeira pessoa que aparentasse ostentar um mínimo de credibilidade e que possivelmente tentavam reabilitar vezes sem conta muitas dessas relações impossíveis onde os alhos não tinham mesmo nada a ver com os bugalhos. Acresce ainda que existia alguma pudor social relativamente à troca de companheiros, associando-se essas pessoas à leviandade. Ainda assim, até certo ponto, as pessoas esforçavam-se para que as coisas dessem certo por iniciativa própria! Hoje é precisamente o oposto: raros são os que ousam esforçar-se para que uma relação dê certo, a menos que tenham algum interesse directo nisso.

Na minha opinião, o amor é deixar alguém literalmente KO, sem conseguir raciocinar ou concentrar-se no que faz de tanto que quer estar com a pessoa que ama. O amor é algo que nos faz querer estar com aquela pessoa na saúde e na doença, na felicidade e na adversidade, e em todos os outros momentos! Esta é a minha concepção de amor. Mas, que sei eu sobre o amor? Eu so só um tipo que, se enviar mensagens a alguém durante o dia a dizer que gosto dessa pessoa e que quero estar com ela, sou obsessivo e maníaco. Sim, nos dias de hoje sou obsessivo, mas antigamente quantas e quantas mulheres não ansiavam por este género de manifestações por parte dos seus companheiros? No século XXI sou obcecado, mas há alguns anos atrás ainda era considerado um romântico...

Hoje chamam amor àquilo que outrora era paixão, paixão à tesão e ao amor obsessão. Ou seja, quando se diz que um casal se ama, quer dizer que hoje se amam muito e são felizes para sempre, mas amanhã logo se vê. Quando os dois estão apaixonados, na verdade estão abrasados, o que corresponde ao descrito por Miguel Esteves Cardoso num dos seus livros quando diz "o amor é fodido e eu adoro fodê-lo contigo".

Para mim, o verdadeiro amor morreu em 9 de Novembro de 1989, com a queda do muro de Berlim e com o fim da Guerra Fria e o seu cadáver arrastou-se durante mais algum tempo. Em Portugal o fenómeno arrastou-se ainda mais do que noutros sítios, fruto do atraso em que vivemos face ao resto do mundo. Não sou de esquerda e não vejo na queda do muro qualquer tipo de Romeu que caiu como forma de se sacrificar pela sua Julieta, mas entendo que a partir daqui a globalização conheceu um avanço indomável e com isso não só a integração económica e cultural como a social e emocional. De repente todos quiseram viver tudo como se não existisse amanhã. De repente a Coca-Cola deixou de ser "a água suja do capitalismo". De repente o culto do "eu" passou a prevalecer sobre o "nós" e o tecnológico passou a ser soberano face ao rudimentar. Toda esta pressa urgente do nosso dia-a-dia poderá também aplicar-se aos relacionamentos. Há que viver o hoje. Se não dá, paciência, vamos ao próximo e ver no que dá. Se me chateia e se não funciona como eu quero, não vale a pena, há que aproveitar o que há no mercado. Acredito que muitas gerações pré-9/11/89 já não saibam o que é o amor e que todos os que sejam pós-9/11/89 só saibam o que era o amor através dos livros e vão chamar-lhe ficção científica ou então, face ao aparecimento de novas categorias de cinema e livros, vão substituir a categoria romance como a conhecemos hoje pela categoria "obsessão".

Face a tudo isto, uma questão afigura-se pertinente: o que é o amor?

publicado por diariodeumfrustrado às 19:32
link | comentar | ver comentários (15) | favorito
Quarta-feira, 18 de Março de 2009

379

Hoje terminei uma relação de dez anos. Não custou muito, porque era uma morte anunciada, mas estas coisas de "terminar" fazem sempre alguma confusão a pessoas como eu que sempre que se envolvem, fazem-no na esperança de ser para sempre e dão o melhor de si para aguentar a relação.

Os três filhos ficam com a mãe. Afinal, já não os via há muito tempo e davam mais despesa do que propriamente benefício. A mãe, como forma de se vingar do fim que quis impôr à relação, decidiu continuar a sugar o meu dinheiro até onde pode.

A situação estava a tornar-se incomportável, porque quando nos aproximamos de alguém, a pessoa mostra-nos uma imagem daquilo que é, e expõe-nos as regras do jogo que está disposta a jogar. Com o avançar do tempo e com a expectativa que depositamos na eternidade da relação, ela acaba por se aproveitar desses pontos fracos e altera unilateralmente as regras, começando a limpar-nos tudo o que temos.

Durante alguns anos tolerei que ela me fizesse isso, mas acabei por constatar que já não havia amor e que só estava com ela pelo conforto que me proporcionava e pela forma como facilitava as coisas. Começar uma relação com outra não é nada fácil, mas vai ter que ser...

Vejo as relações com as pessoas da mesma forma como vejo as relações com instituições, comércio, etc: se aceito algum desafio é para ir até ao fim e é para fazer tudo na esperança de que dure "para sempre". Mudar tudo e esperar que eu continue lá e ainda por cima dizer que não sou compreensivo porque não entendo estas mudanças, não me parece de todo justo. É incorrecto que alguém se aproveite das nossas fragilidades para nos obrigar a girar à sua volta. As relações querem-se equilibradas, ainda que a balança penda sempre para um dos lados. Ainda assim, convém não abusar e não espezinhar o outro. Eu não tolero isto nem pessoas, nem em nada!

Hoje acabei uma relação de dez anos com um Banco. Os três filhos são os três cartões que tinha dele. Não, não tinha dívidas, nem recorria ao cartão, daí não lhes dar a atenção que eles desejariam. Não gosto que se tentem aproveitar de mim, nem da minha boa fé. Dei muitas oportunidades à relação para que tudo se endireitasse, mas a outra parte queria que eu continuasse a girar à sua volta e a servi-la. Lamento, estou noutra, e como os bancos são como as mulheres, há muitos, nada como tentar uma nova relação com um diferente, para ver no que dá. No fim disto tudo, mantenho para os bancos a mesma esperança que mantenho para as mulheres, esperando que aquele velho provérbio "são todas iguais" não passe de uma tremenda heresia.

publicado por diariodeumfrustrado às 20:15
link | comentar | ver comentários (10) | favorito
Segunda-feira, 16 de Março de 2009

378

Hoje acordei. Acordei bem humorado. Estive anos sem me lembrar de um único sonho, mas aquela situação com a D. (ainda) tirou-me o sono e a ausência de sonho durante cerca de dois meses. Esta noite não. Esta noite foi uma das poucas vezes em que não me lembro novamente do que sonhei. Não deve ter sido com ela ou com alguém que já passou pela minha vida, caso contrário não teria acordado bem humorado. Vai na volta sonhei que vivia na Roma Antiga, mas em vez de eunucos tinha um verdadeiro harém que me mimava. É capaz, mas infelizmente não me lembro mesmo. Certo é que acordei bem humorado. Quer dizer, nunca acordo mal humorado, mas quando estou em tempos difíceis acordo "pesado", sem estar mal humorado.

O tempo prometia e decidi ir à praia. Ainda é Março e apesar do tempo ser digno de Junho, a vantagem é que era dia de semana e o português comum está a estudar ou a trabalhar. Isso facilitou-me a vida. A praia estava praticamente vazia e o tempo estava fantástico. Sempre que lá vou aproveito para fazer os meus exercícios físicos (corrida, flexões, etc). Foi o que fiz hoje. Já na caminhada final, aproximei-me das rochas. Apesar de ser adorar praia, ir sozinho por vezes aborrece e desmotiva, já não me aproximava da zona das rochas há anos, literalmente.

Encostei-me às rochas e aquele cheiro típico de mar, com areia, com rochas, com vida animal, despertaram em mim memórias dos tempos em que ia para a praia com a minha mãe e com a minha irmã. Deve estar aí a fazer 20 anos, mais ano, menos ano. Sempre que iamos para a praia, ficavamos nas rochas. Já mal me lembrava desses tempos, mas aquele cheiro característico não me saiu da cabeça e a prova foram as recordações que rapidamente me dominaram o pensamento.

Fiquei ali um bocado e lembro-me que adorava brincar com estrelas do mar, algas e caranguejos, três seres que fazia questão de atirar para cima da minha irmã, o que me valia uma carga de pancada dela mais tarde, mas valia a pena o sacrifício. Fiquei ainda mais contente quando vi um caranguejo pequenino e escuro como já não via há muitos anos.

Não fiquei mais de uma hora por lá, mas foi como se tivesse passado o dia inteiro na praia a apanhar ondas, a perseguir caranguejos e a fazer castelos de areia. Hoje as coisas são relativamente semelhantes: apanho desgostos, persigo o verdadeiro amor, mas continuo a construir castelos de areia que mais tarde ou mais cedo acabam desfeitos quer pela força de uma onda/desgosto, quer porque tanto persegui aquele caranguejo/verdadeiro amor, que acabei por cegar e não ver o castelo que havia construído, ignorando por completo o meu "eu". São castelos de areia... se fossem castelos a sério, possivelmente, para começar, concentrar-me-ia neles por inteiro e ignoraria as ondas que me deitam abaixo e os caranguejos que insistem em fugir de mim.

publicado por diariodeumfrustrado às 20:50
link | comentar | ver comentários (3) | favorito
Sexta-feira, 13 de Março de 2009

377

Estou de férias nas próximas semanas. Preciso de descansar. Procurar viagens em agências nacionais está fora de questão: se é para ir para o Brasil, Cabo Verde ou México para ver mais portuguesada, prefiro ficar em Portugal a apanhar sol. Ainda assim as viagens são caras. Procuro destinos alternativos. A partir de agências portuguesas não custam menos de 1.500 euros por meia dúzia de dias. Não me parece que compense.

Procuro em agências estrangeiras por destinos exóticos e alternativos. Vejo safaris a 600 euros, vejo viagens à Ásia com tudo incluído por menos de 500 euros e vejo muitas outras coisas. É só escolher. Ah! Esperem, afinal não basta escolher. Estas ofertas só estão disponíveis para duas pessoas. E se quiser viajar sozinho? Não só pago preços exorbitantes como tenho datas específicas para viajar. Não basta ser suficientemente penalizado por não ter companhia e ainda sou novamente penalizado no preço e na disponibilidade.

Namorada não há. Mulher também não. Os amigos. Sim, vamos tentar os amigos. Não podem, porque estão a preparar-se para viajar com as namoradas e mulheres, não têm interesse, ou então acham "muito caro" fazer por 500 euros aquilo que em Portugal custa mais de 2.000.

publicado por diariodeumfrustrado às 23:14
link | comentar | ver comentários (8) | favorito
Quinta-feira, 12 de Março de 2009

376

Presente. Passado. Futuro. Porque é que trocamos sempre estes tempos? Alguém sabe aproveitar o presente? Não, não pergunto se alguém sente o "aqui e o agora". Pergunto se alguém sabe aproveitar o presente. Aproveitar o presente significa desapegarmo-nos de tudo o que está para trás e não sofrer por antecipação do que ainda não aconteceu e/ou pode nem sequer acontecer.

Falo por mim, que quando dou conta estou com a cabeça em recordações e fantasias passadas, em delírios do passado, em momentos de felicidade do passado, em tristezas do passado, e por aí vai. Também acontece dar por mim e estar a pensar no que fazer dali a 10 minutos, uma hora, um dia, um ano, trinta anos. Quando dou conta, estava tão concentrado no passado e no futuro que perdi o presente com tudo aquilo que ele tem para me dar. Esperem, isso também já faz parte do passado. Estou no presente a pensar no que perdi no passado por estar a pensar no passado e não a viver o presente.

Irónico, não é? Entretanto a vida vai passando e se não aproveitar o presente em que me encontro, com todos os momentos de felicidade e tristeza que isso possa ter, corro o risco de andar em loop constante e vegetar eternamente no presente porque o zombie está a tentar viver um passado que já não pode viver e o futuro ainda não foi.

publicado por diariodeumfrustrado às 22:48
link | comentar | ver comentários (7) | favorito
Quarta-feira, 11 de Março de 2009

375

Aviso legal: não sou marxista, leninista, trotskista, fascista, esquerdalha, nacional-socialista, anti-fascista, eteceterista... Não me identifico com um ideal. Identifico-me com vários princípios de vários ideais.

publicado por diariodeumfrustrado às 23:51
link | comentar | ver comentários (3) | favorito

374

"Think globally, act locally" é o mote de muitos, ou pelo menos alguns dizem que é porque fica bem defender este género de pensamentos.

Resido actualmente na Grande Lisboa. Não em Lisboa cidade, mas Grande Lisboa. A diferença é abissal. Uma ponte, uma marginal, ou um autocarro que ligue os subúrbios à grande cidade, podem fazer a diferença. O provincianismo a que por vezes assistimos consegue ser gritante apenas por escassos quilómetros.

Uma das coisas que mais me aflige é ver aquele tipo de pessoas que sempre viveram na mesma localidade. Nem digo cidade, digo localidade. O avô estabeleceu-se ali, o pai conheceu ali a mãe que morava do outro lado da rua, e o tipo nasceu ali e provavelmente morrerá ali, naquele canto do mundo, onde toda a gente se conhece, onde toda a gente vai ao mesmo café, todos vão ao mesmo bar, etc. Esta situação é mais gritante quando vejo isto acontecer em pleno século XXI, com gente na faixa etária 25-35. Vejo isto acontecer por aí: gente nova, que trabalha a minutos de casa, que estudou na escola da zona, que vai ao bar ao pé de casa (ao qual por vezes chamam "discoteca"), que vai casar com algum/a vizinho/a e vai morar naquele fim do mundo, ter filhos, etc. É hereditário. Alguns há que vieram estudar para Lisboa (uh! 10/15 km de distância de casa e já quase se consideram emigrantes) ou então trabalham na capital.

Cada pessoa tem a sua visão. Muitas têm uma visão mais localizada e reduzida, fruto de diversos factores: seja pelo medo do desconhecido, do risco (?), pelo conforto que o hábito lhes cria, etc. Outras têm uma visão mais abrangente e o seu raio de visão não se reduz a 20 km2, antes vêem cidades vizinhas, países vizinhos, continentes longínquos. Integro-me nesta última categoria.

Confesso que o conforto do lar a que sempre nos habituámos nos leva a adiar a colocação em prática de todos estes planos de mudança. Também não existe nenhuma regra universal da existência humana que obrigue todo o Ser Humano a sair de casa dos pais com a idade X. Mas existem necessidades que nós mesmos vamos sentindo falta de colmatar como a nossa privacidade e o direito a ter o nosso espaço, por exemplo. Ainda assim, não digo que não à possibilidade de um dia me mudar para a Ásia ou para qualquer outro país europeu. Dou plena prioridade ao meu Portugalinho, mas não reduzo o meu raio de visão ao meu país. Aliás, em Portugal imponho mais limites do que ao estrangeiro. Não consigo estar em lugares sem vida. Não conseguiria viver nos Açores, ainda que me digam que o arquipélago seja cheio de vida. Não conseguiria viver no Algarve, que só tem vida no Verão e mesmo assim é nocturna ou então resume-se a praia (já sei que me vão dizer que é mentira, mas isso dito por quem lá mora/morou perde o significado). Não conseguiria viver no interior: o campo enerva-me e a sua calmaria mais ainda. Não conseguiria viver no Norte do país: as pessoas são tão ou mais afáveis que as do Centro/Sul, o Porto até tem alguma vida, mas o Norte deprime-me por ser tão cinzento e tão conservador. Não gosto de sítios onde o ambiente se resuma a ambientes de "copos", simplesmente porque não bebo e acho completamente absurdo beber "porque sim".

Tudo isto para dizer que Lisboa encanta-me. É a minha forma de ver e viver de forma global. Lisboa tem vida, tem dinâmica. Não sou rato do campo, nem rato de qualquer cidade. Sou de Lisboa. Gosto dos carros, gosto do reboliço, gosto de ver diariamente gente estranha. Digam o que disserem, para mim Algés, Amadora, Sacavém, Almada, por aí, são províncias! E daí para fora, ainda mais província é. Sim, eu sei que têm X, Y e Z e a qualidade de vida, bla bla bla. Para mim, qualidade de vida é viver e estar onde me sentir bem, mesmo que isso implique viver no meio da confusão e do barulho. Para mim, pensar e agir globalmente e ter qualidade de vida é... viver em Lisboa, com todos os defeitos que isso possa ter.

publicado por diariodeumfrustrado às 22:36
link | comentar | ver comentários (6) | favorito
Domingo, 8 de Março de 2009

373

Vi o filme "The Wrestler", com o Mickey Rourke. Este filme toca bem no fundo, sobretudo para quem também se sente tão sozinho e perdido no mundo e não tem nada a perder na vida...

publicado por diariodeumfrustrado às 11:22
link | comentar | favorito

Eu

pesquisar

 

Setembro 2015

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
26
27
28
29
30

Recente

438

437

436

435

434

433

432

431

430

429

Lágrimas passadas

Setembro 2015

Dezembro 2013

Agosto 2013

Junho 2013

Maio 2013

Março 2013

Janeiro 2013

Março 2011

Fevereiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

tags

todas as tags

blogs SAPO

subscrever feeds