Tive 2 anos aparentemente estáveis e equilibrados. A vida não me corria muito mal e isso, para mim, era sinal que as coisas até corriam muito bem. Fui adaptando-me e fui aceitando a situação que tinha. Não era boa, mas também não era má.
Não tenho o hábito de me pronunciar sobre política e nem sou de esquerda ou de direita. Sou apartidário e não me meto em politiquices. Ainda assim, o que tem sido feito em Portugal tem mexido comigo e de que maneira. Dou por mim a trabalhar bastante e a ter cada vez menos dinheiro. Assinei um contrato com o meu patrão e tenho menos dinheiro para manter um estilo de vida que a expectativa daquele contrato assinado me criou. Agora corro o risco de ter de perder boa parte do pouco que tenho e que foi conquistado com um esforço que só eu sei. Sinto-me completamente perdido.
Bem sei que muitos nem trabalho têm e outros ganham menos do que eu. Mas tudo o que me vem parar às mãos tem um destino fixo e não é o luxo, é garantir que tenho condições para ultrapassar o próximo mês. Não vivo. Sobrevivo. Luto para conseguir sobreviver. O próximo mês não sei como será. Entretanto, os filhos da puta continuam a gozar com a minha cara na televisão. Não são só os PSD e CDS. São também os socialistas, que já sabemos o que fizeram ao país, os comunistas, que ainda agora tiveram uma camarada reformada com 47 anos, e os do Bloco de Esquerda, por terem uma agenda própria e não do país. São também os outros que já lá estiveram e nada fizeram e agora são oráculos dos média para mudar a própria merda que fizeram.
É difícil estar nesta situação. É difícil acreditar no futuro quando o presente é negro e quando vemos que damos passos em frente, mas a luz ao fundo do túnel fica cada vez mais distante. Não faz sentido. Não devia fazer sentido. Sinto que nunca vou conseguir dar o salto. Vivemos num país onde o mérito é irrelevante. Como dizia o Woody Allen, "80% do sucesso é aparecer". Tinha razão. Não precisamos de talento, mas sim de bons amigos ou de saber seduzir quem tem poder para decidir. Este é o mundo filho da puta em que estamos e sinto muitas dificuldades em adaptar-me a ele.
Deixei de me conseguir concentrar no trabalho. Já nem me consigo concentrar fora dele. Vegeto. Dou por mim perdido a divagar em coisas que raramente me lembro. Uma delas tenho a certeza do que se trata e volta a adensar-se no meu pensamento. É muito difícil dar a volta a etsa situação. Dificilmente conseguirei. Valerá a pena continuar a viver? Hoje, ao final do dia, tirei alguns minutos de reflexão. Nunca, nem mesmo nas minhas piores angústias do passado, senti tanta vontade de tirar a minha vida. Não fosse a minha família, aos quais deixaria uma pesada herança de desgosto, e tenho a certeza que já o tinha feito. Não vale a pena insistir. Mas esta saída é cada vez mais forte no meu pensamento.
Quase 2 anos depois de ter publicado o meu último post, constato que se não os tivesse vivido estaria tudo bem. Nada evoluiu, nada mudou. Minto. O vazio que vai aqui dentro consegue ser mais fundo do que era. Raios!, nunca me senti tão só...
Decidi voltar. Não sei se por muito tempo. Mas preciso de desabafar.