Sábado, 22 de Junho de 2013

435

A mulher portuguesa tem, regra geral, uma característica que a diferencia das restantes: acha-se demasiado boa para os homens. Se há coisa que mais me faz espécie é ver mulheres que se pavoneiam e andam na rua como se os homens fossem seres ignóbeis que, garantidamente, vão babar e olhar para elas que, segundo as próprias, estão acima de qualquer homem.

 

Mulheres, se um homem olhar para vocês, não o tomem como tarado ou como ser inferior. Mulheres, se um homem olhar para vocês, não virem a cara e levantem o nariz, de vaidade, nem ponham as trombas número 35 como se o homem estivesse a fazer-vos mal. Mulheres, não sejam convencidas, porque há muitas outras, sobretudo estrangeiras, que não precisam fazer essas figuras tristes para mostrarem que não o apreciam ou fingirem que não o apreciam.

 

Mulheres, se o homem olha para vocês, talvez ele possa simplesmente ter o hábito de olhar para as pessoas que estão perto dele. E, ainda que ele olhe para vocês como ar de quem gostou do que viu, a partir do momento em que vocês se fazem enjoadas e ficam trombudas e convencidas, ele vai perder todo o interesse em conhecer-vos melhor. Ele vai passar a olhar para vocês apenas como "a gaja que partia vezes sem conta e no fim oferece 5 euros pelo serviço prestado ou para apanhar o táxi de volta para casa".

 

Mulheres portuguesas, tsc tsc tsc...

publicado por diariodeumfrustrado às 20:55
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Segunda-feira, 10 de Junho de 2013

434

Apanhei assim de raspão a publicidade à Visão que traz a entrevista com o Pedro Caldeira. Diz ele que Deus o ajudou sempre e até o fez ganhar o totoloto. No outro dia li uma entrevista ao bruxo de Fafe, que ganhou vários prémios nestes jogos. Outros há que não precisam de correr e as oportunidades vêm ter com eles. Eu esmifro-me, dou tudo de mim e, na melhor das hipóteses, recebo migalhas. Tudo tem de ser conseguido a pulso por estes lados e mesmo assim recebo apenas uma amostra para não tomar muito o gosto.

 

Há quem diga que é o plano de Deus ou que Deus não nos deixa ter acesso a certas oportunidades por algum motivo específico. Há até uma "oração de um atleta americano" que reza assim:

 

Não Recebi nada do que pedi

Pedi a Deus para ser forte
a fim de executar projetos grandiosos,
E Ele me fez fraco
para conservar-me humilde.

Pedi a Deus que me desse saúde
para realizar grandes
empreendimentos, 
E Ele deu-me a doença,
para compreendê-Lo melhor.

Pedi a Deus a riqueza, para tudo possuir, 
E Ele deixou-me pobre para não ser egoísta.
Pedi a Deus poder,
para que os homens precisassem de mim,
E Ele deu-me humildade
para que d’Ele precisasse.

 

Ora, a esta oração eu digo: foda-se! Porque é que muitos não precisam de pedir saúde que a têm e muito menos riqueza se ela vem ter com eles? E porque é que quem pouco tem e pede, não recebe? Que raio de "benção" é pedir riqueza e acabar pobre? E que benção é querer ser forte e acabar fraco? Para "compreender" melhor? Quero lá saber da compreensão! Foda-se a compreensão e a humildade! Quero viver bem e ter qualidade de vida! Quero ter acesso às mesmas oportunidades que alguns privilegiados têm sem precisar de fazerem nada para isso! Não acredito que isto esteja relacionado com Deus! E se estiver, deixo de acreditar que existe sequer algo superior a mim, porque o que existe, a existir assim, é macabro e sádico! Que prazer pode alguém ter em ver os outros no sofrimento? Ai é o plano de Deus? Então que se foda o plano! Eu trato do meu plano, não preciso da ajuda de ninguém! Há gente que fuma, bebe, leva uma vida absurdamente perigosa e mantém-se de saúde intacta! Há gente que não precisa de estudar, nem de ter horários ou de se esforçar e imploram a essas pessoas para fazerem parte de 1001 projectos a troco de milhões. E eu, que dou no duro, ando aqui a sentir-me um falhado porque por mais que faça tenho muito pouco e espero oportunidades praticamente desde que nasci! Eu trabalhei para elas! Procurei-as! Mas elas fugiram!

 

"Um dia vais entender": eu não quero entender nada, eu quero viver!

 

"Tudo tem um fundamento": eu não quero justificações, eu quero retribuição por tudo o que fiz e faço!

 

Não quero este plano! E muito menos quero sentir-me um inútil que nunca será nada na vida porque "Deus sabe o que faz"!

publicado por diariodeumfrustrado às 22:25
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Domingo, 9 de Junho de 2013

433

A ideia de criação deste meu diário não foi (de todo) a de criar um espaço onde as pessoas me mimem e digam palavras bonitas que me afaguem o ego ou preencham um qualquer vazio existente. A definição de frustrado deixo-a assente no subtítulo do diário. Por vezes sinto-me mal com tantas palavras agradáveis que me dizem por aqui ou com as tentativas que fazem de me tentar animar ou levar para um rumo mais positivo e colorido. E sinto-me mal porque não acredito nas velhas teorias de "pensamento positivo" ou "pensar nas coisas boas" ou ainda no "obrigar-me a fazer e a pensar positivo para mudar tudo à volta". Não acredito em nada disto, lamento. E não espero que os "empurrões" que me dão para tentar "arrebitar" continuem como forma de reunir atenções. Sou extrovertido, mas não gosto de concentrar atenções, nem mesmo para sentir que sou acarinhado. É por saber que não consigo corresponder aos pensamentos mais simplistas que por vezes me tentam animar por aqui que peço desculpa a quem o faz. E peço desculpa por não me conseguir sentir minimamente contagiado apesar do esforço que fazem. Desculpem.

 

Também não quero ser deitado para baixo ou desprezado, ninguém gosta. Mas acredito que me faz sentir melhor trocar ideias sobre coisas banais, da vida, sentimentos em comum, do que tentarem injectar-me teorias da positividade. Não funciona, acreditem. Imunizei-me, nem sei bem como. O que me faz sentir melhor são as coisas que descrevo.

publicado por diariodeumfrustrado às 12:56
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Sábado, 8 de Junho de 2013

432

É incrível a quantidade de pessoas que eu conhecia ou que eram próximas de alguém que me é próximo e que faleceram recentemente. Os motivos são os mais diversos: cancro, problemas cardíacos, acidentes de viação. Há gente de todas as idades. Ver o drama das famílias é o que mais custa. Acredito que tenha sido por saber que a minha família ficaria neste estado lastimável que nunca consegui arranjar coragem suficiente para deitar fora a minha vida, por menos valiosa que seja para mim.

 

Ao mesmo tempo, penso sobre o valor da vida humana. Nas Américas não vale nada - nem mesmo nos EUA, onde os westerns ainda são o espelho de uma sociedade. Em África depende do grau de afinidade étnica que se tenha com a vítima. Na Ásia varia em função da importância social que se tenha. Na Europa o cenário já é mais diversificado, dependendo do impacto dado pelos média.

 

Mas quanto vale uma vida humana? Hoje temos uma agenda cheia de planos. Amanhã fica tudo por concretizar e hipotecamos a vida de terceiros. Acabaram-se os momentos de felicidade, mas também os desgostos. O que virá a seguir, ninguém sabe. Gostava de saber. Sou abelhudo. Gostava de saber se valia a pena despegar-me desta vida para a seguir ter uma vida melhor. Aliás, nem peço uma vida melhor. Pedia apenas descanso eterno.

 

Estas mortes fazem-me sempre pensar no quanto perco parte da minha vida com minudências: um stress no trânsito, uma buzinadela, uma ultrapassagem mal feita por um terceiro, um mau atendimento num local de serviço ao público, uma discussão com alguém próximo por causa de pouco ou nada, etc. Estas mortes fazem-me reflectir e ser mais paciente. No fundo, acho que me torno melhor pessoa quando estou consciente do valor da vida humana: nenhum e inavaliável, pois de um momento para o outro ela desaparece sem darmos por isso.

 

Só gostava de estar permanentemente consciente da necessidade de desvalorizar as miudezas da vida e ser mais agradável para todos os que me rodeiam directa ou indirectamente. Infelizmente, por vezes não demora 10 minutos e já passou a minha falsa reflexão. E volto ao processo de perda de vida.

publicado por diariodeumfrustrado às 22:26
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Quinta-feira, 6 de Junho de 2013

431

Soube recentemente que a pessoa que mencionei, por exemplo, aqui foi mãe há pouco tempo. Não tenho qualquer sentimento por ela, a paixão passou entretanto, mas não posso deixar de sentir um sabor agridoce. Tivemos uma história que se resume àquilo que a Marina Lima chamou de "Fullgás", uma junção de fugaz com a todo o gás. Tivemos uma história bonita, com direito a drama, ao suspense, ao melhor que o romance consegue produzir - com direito a paisagens e locais condizentes - e ao sofrimento e ao fatalismo tão típicos de Bollywood. Foi bom, ficou o amargo de não ter havido continuidade. Passou, mas não foi esquecido. E agora, anos depois, saber que foi mãe, foi como se tudo finalmente tivesse acabado. É como a mãe que perde o filho e só anos depois encontram o cadáver. Finalmente pode fazer o luto. Eu não tinha esperanças do que quer que fosse. Nem pensava no assunto, mas o frisson quando sabia notícias era inevitável. Como se se pudesse corrigir o passado. E eu intrigava-me porque motivo sentia aquilo, se pelo vazio que sentia por não ter encontrado uma companheira entretanto, se por alguma labareda que ficou por apagar e se manteve acesa sem dar conta disso. Voltou a casar, teve um filho. Fiz o meu luto. Talvez por isso fique o amargo na boca. Afinal, bem dizia António Variações: "tudo o que acaba me deprime, mais pelo fim que pelo acto em si".

publicado por diariodeumfrustrado às 22:43
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Terça-feira, 4 de Junho de 2013

430

Estou farto. Farto de pessoas que me dizem como não devo ser. Farto de pessoas que me dizem como tenho de ser. Farto de pessoas que me vigiam para verem como estou a comportar-me. Farto de pessoas que me apontam o dedo. Farto de pessoas que fingem que eu não existo. Farto de pessoas que não me vêem. Farto de pessoas que amuam se eu não faço o que elas querem. Farto de pessoas que querem que as cumprimente como e quando querem. Farto de pessoas que me olham com desprezo. Farto de pessoas que censuram a minha forma de vestir e como me apresento ao mundo. Farto de pessoas que só olham para os meus defeitos. Farto de pessoas que me usam. Farto de pessoas que assumem que não gostam de mim sem ter motivo aparente. Farto de pessoas que demonstram que não gostam de mim mesmo sem me conhecerem minimamente. Farto de pessoas que defendem os bons costumes e a moral conservadora. Farto de pessoas que pressionam os outros. Farto de pessoas que fazem chantagem. Farto de pessoas sem carácter. Farto de pessoas fúteis. Farto de pessoas que me sufocam. Farto de pessoas que olham para mim como se eu fosse um fardo. Farto de pessoas que me fazem sentir um autêntico lixo. Farto de pessoas que ignoram o que eu digo e depois repetem o que eu digo como se a autoria fosse delas. Farto de pessoas que julgam as aparências. Farto de pessoas que se metem na vida dos outros. Farto de pessoas que acham que sabem como é que os outros devem viver. Farto de pessoas que me martirizam se deixo 1 pêlo de barba por fazer. Farto de pessoas que me mentem. Farto de pessoas que não me deixam em paz. Farto de pessoas que não aceitam opiniões. Farto de pessoas. Farto do mundo. Farto de mim. Farto de tudo.

publicado por diariodeumfrustrado às 21:58
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