Sábado, 22 de Novembro de 2008
Há alturas em que nos sentimos muito pequeninos, miseravelmente pequeninos, inferiores a tudo e a todos, incapazes, limitados, bloqueados, pouco desenvolvidos. Há alturas em que julgamos que só os outros é que conseguem tudo e nós não conseguimos nada. Há alturas em que achamos que só os outros são felizes e nós não. Há alturas em que pensamos que só a nós o azar bate à porta, e os outros são bafejados pela sorte. Há alturas em que tudo o que há de negativo parece só nos acontecer a nós e tudo o que é bom acontece aos outros. Na verdade, o que por vezes nós vemos acontecer de bom aos outros também nos acontece a nós, o problema é que não damos conta disso. Também acontece que os outros se julguem os maiores afortunados, os mais felizes, aqueles a quem tudo acontece de bom, quando aquilo que recebem são verdadeiros "presentes envenenados". Dou exemplos: quem não fica com inveja de alguém que ganha o Euromilhões? Eu sou um dos que se rói e não é pouco, aviso já. Alguém consegue acreditar mesmo que o Euromilhões é um desafogo para a vida de alguém, que alguém vai conseguir ser feliz a partir desse momento? Alguém consegue acreditar que o dinheiro traz felicidade? Não traz, mas ajuda se quem o tem tiver muito sangue frio. Alguém tem ideia do número de pessoas a quem a vida não era tão positiva quanto isso mas que após lhe ter saído um "prémio grande" a sua vida inicialmente foi das melhores que se podia ter mas após algum tempo o jogo inverteu-se radicalmente e o vencedor chegou a pensar "quem me dera poder ter a minha antiga vida de volta"?
Um outro exemplo é no respeitante ao amor. Alguém faz ideia do baixo número de relações e casamentos bem sucedidos que por aí andam? Quantos não são os casos em que a família está bem estruturada, bem organizada, as pessoas sorriem quando as vemos na rua, parecem viver minimamente bem, mas na sua intimidade são discussões, desentendimentos, contam os tostões, têm amantes, a sua vida sexual e amorosa é um desastre, etc?
Podia dar muitos outros casos de situações que por vezes julgamos que é "algo bom" que só os outros têm e nós não, mas já pensaram no valente alívio que pode ser não termos que dar um passo em frente para mais tarde darmos cinco atrás? Há por aí muitos exemplos de "felicidade" que não passam de felicidade mascarada.
Assim como eu uso uma máscara no dia-a-dia para esconder a minha tristeza, o meu vazio e não expor as minhas vulnerabilidades, quantos e quantos não o fazem também. Há vezes em que nos julgamos pequenos, frágeis, sensíveis, limitados e bloqueados. Mas acreditem, todos os comuns mortais com que nos deparamos por aí, são tão limitados, pequenos, frágeis, sensíveis e bloqueados quanto nós somos. Experimentem descobrir pelos vossos próprios olhos. Escolham alguém em quem vêem confiança, sucesso, felicidade. Abordem uma dessas pessoas e "apertem" um pouco até que ela desabafe sobre a sua vida. Vão ver que muitas são um verdadeiro castelo de cartas à espera do primeiro abanão para as por à mesma altura que as restantes que estão cá em baixo e não compõem o castelo.
De demo a 22 de Novembro de 2008 às 10:53
Lindo! Muito realista, há pessoas que não se apercebem porque simplesmente não vivem, vegetam e são tão insensiveis que tudo isto não passa de "balelas", o tempo se encarregará de lhes mostrar o que é a vida. Também gostaria que me saisse o Euromilhões, esqueço-me de jogar, pena!!!!
De
teetee a 22 de Novembro de 2008 às 12:49
Bom dia bom dia, quando aqui chego não te leio, ouço-te mesmo sem conhecer a tua voz..
Comento...
As máscaras sociais que o indivíduo possa utilizar, jamais apagarão a sua condição humana, só lhe degradarão sucessivamente a auto-imagem que foi construindo ao longo da vida!
tee, daqui para aí...
De
soflor a 22 de Novembro de 2008 às 12:57
Quanto ao Euromilhões é algo com que todossnós sonhamos... um dia se concretizar veremos o resultado...
Todos usamos máscaras com as diversasa finalidades...concordo plenamento contigo...todos os dias observo as pessoas e penso naquilo que quero para mim e penso se não ficaria depois com as mesmas caras de cansados e desiludidos com aquilo que desejaram... contudo não deixo de desejar algo mais... espero alcançar de uma forma que não resulte em usar máscaras de felicidade onde ela não existe...pode até ser utopia mas não consigo deixar de sonhar... porque o dia em que o parar de fazer sei que " morri"...´´´
Beijinhos e bom fim de semana
De FADA a 22 de Novembro de 2008 às 13:31
Ola " Homem Mistério " vejo que ainda és vivo lol que bom , não desapareças assim tanto tempo fico preocupada..
Quem não pensa em ganhar o euro milhões !
Mas a verdade de que vale o dinheiro ! Nada simplesmente nada , pode ajudar sim em alguns casos , mas não traz felicidade a ninguém ...
Se eu manda-se no mundo o dinheiro não existia era tudo muito mais simples , as pessoas mudam completamente com o dinheiro isso é muito mau...!!!
Gostei do teu post parabéns .
Beijo grande de saudades " Fada "
De
bombocaa a 22 de Novembro de 2008 às 13:46
pois...grandes verdades...
e as máscaras existem em todos
:)
Existe uma expressão já pouco em uso que sintetisa o viver de muitas pessoas: " quem mora no convento é que sabe o que lá vai dentro!"
Acho que todos nós de algum modo vivemos a trocar de máscaras mais não seja para que quando nos olhamos no reflexo dos vidros das montras gostemos do nosso reflexo e com isso nos sentimos um pouco felizes.
Gostei do texto
Um abraço
De
Marta a 22 de Novembro de 2008 às 15:09
Olá,
de facto é mesmo assim as pessoas vivem sempre e cada vez mais para a imagem e para transmitirem aquilo que querem que os outros vejam.
Mas temos de pensar positivo. Existem pessoas felizes porque tentam se-lo com ou sem euromilhões, com ou sem namorado, com um sem casa de sonho agora o que unca pode mesmo faltar é vontade ... vontade de ser e de estar.
Beijinhos
De
_^ANGIE^_ a 22 de Novembro de 2008 às 23:20
Sem "máscaras" a vida em sociedade, não seria possivel. Infelizmente, as pessoas não estão preparadas para aceitar as outras como elas são. Todos temos de usar as mesmas ´"máscaras" esteriotipadas e quem ousa tira-las é olhado com indiferença, desconfiança e desprezo - marginalizado. Outras "máscaras" são impriscindiveis para sobrevivermos à dor. Não para mostrar aos outros mas sim a nós próprios.
Será que algum dia em nalguma altura a "máscara" cai?!...
De Gipsi a 23 de Novembro de 2008 às 18:48
Não nos safamos mesmo das mascaras e todos temos uma, para o trabalho, para o social e muitas vezes até para os amigos ... sendo que com os amigos há sempre um ou outro que nos conhece tanto ou mais do que nós e com esses as mascaras não funcionam.
Olá, tens muita razão. Desengane-se quem pensa que os outros não têm dificuldades, limitações e bloqueios na sua vida.
Ás vezes invejamos uma pessoa que parece ter o melhor que a vida nos pode dar e depois, por detrás daquela vida existe outra...
Boa semana
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