Superei-me. Não sei bem como, mas superei. De facto os óculos precisavam de um pequeno ajuste e coincidentemente fui à loja numa hora em que a tal funcionária que eu falei estava a trabalhar, e curiosamente até estava sozinha. Há com cada coincidência... Depois do ajuste que demorou dois segundos, abordei-a se queria tomar um café comigo. A resposta é o que já esperava e nem sei porque raio fui tentar: depois de corar com o convite, deu-me um não. Pedi desculpa pela ousadia e vim-me embora.
Vêem? Eu já sabia e mesmo assim fui fazer figuras tristes...
Estou chateado com tudo! Estou chateado comigo! Estou chateado com o mundo! Estou chateado com a vida! Estou farto de tudo! Estou farto de mim! Estou farto do mundo! Estou farto da vida! Estou cansado... e farto!
Hoje errei. Também noutros dias e várias vezes hoje. Aliás, sempre. Mas o erro de hoje deixou-me com a consciência profundamente pesada. Estou habituado às faltas de educação e de civismo dos condutores. Hoje, a caminhodo trabalho, ia uma tipa (sem qualquer sentido pejorativo) a conduzir o seu carro bastante devagar e, como ia numa estrada sem saída, chegando ao fim, decidiu parar. Pensei que fosse para estacionar e a mulher faz marcha atrás e fica com o carro parado. Fiquei expectado a ver o que ia sair dali. Não ia sair nada. Ela nem estacionava, nem saía do local de onde estava. Ficou simplesmente parada com o carro atravessado em metade da estrada. Eu faço sinais de luzes e quando ela olha agito os ombros como quem diz "então?!". Ela faz-me sinal para passar mas avança o carro ligeiramente. Passo a mão à frente dos olhos, agitando-a, como que querendo dizer "tens noção do que estás a fazer?" e agito a cabeça. Acabo por passar, ainda perplexo e olho-a com ar reprovador pela sua azelhice. Já ia eu a acabar de passar pelo carro dela quando ela faz uma expressão como quem diz "estúpido, estava a deixar-te passar".
Mal passei por ela caiu a ficha: ela estava meio atarantada e não conhecia a estrada e estava a deixar-me passar. De uma forma muito estranha, mas estava a fazê-lo. E eu, em vez de reagir com indiferença face à azelhice alheia e com um sorriso face à gentileza, reagi de forma a que alguém começasse mal o dia e visse que ser gentil por vezes não compensa. À menina em causa, as minhas desculpas. De facto, fui idiota.
Peço-vos desculpa pelo post anterior. Sinto-me envergonhado, sobretudo porque me expus demais. Ao mesmo tempo não peço desculpas, pois este é o meu espaço e tenho o direito de nele escrever tudo o que quero, penso e sinto. Tenho alguns momentos de fragilidade como os que evidenciei há dois dias e por diversas vezes hesitei em escrever ao mesmo tempo que enfrentava aquela profunda tristeza. Porém na segunda-feira não resisti e traduzi em palavras o que sentia. As sensações estão lá todas. Não pensem que sou um qualquer a tentar comparar-se a ídolos. Há por aí muita gente que, tal como eu, sente precisamente o mesmo. O meu post é dirigido a todos aqueles que acreditam e entendem o quão doloroso é ter tanto para dar, querer dar e nunca ter tido amor verdadeiro. Pedir alguém para passar o resto dos meus dias é muito? Talvez. Sobretudo porque sei que às vezes sou um personagem bastante chato e teimoso.
Vou desistir da minha terapia. Só amanhã falarei sobre isso aqui, depois de falar com uma pessoa que tem sido bastante correcta comigo e me tem compreendido e valido bastante.
Paradoxo da minha vida:
- por um lado acho que sou uma pessoa com muito para dar, boa pessoa, com bom fundo, respeitador, inteligente, etc.
- por outro lado acho que sou uma pessoa que não vale um chavo, caso contrário, se fosse mesmo alguma coisa de jeito, não teria problemas em encontrar uma pessoa que me quisesse.
A H. fez ontem anos, mas quem recebeu um "presente" fui eu. Hoje descobri que a H. voltou para o seu ex-companheiro. Sim, o mesmo para quem já da primeira vez tinha voltado, e o mesmo com quem já estava na altura em que me conheceu. Não podia ser só porque eu hesitei num momento importante. De facto, não sei como é que as pessoas são capazes de fazer estas coisas. Não sei mesmo.
Vou afastar-me uns tempos para reflexão. Até um dia destes.
Curtas:
1- Hoje a H. faz anos. Não lhe telefonei ainda, nem o tenciono fazer. Podíamos estar a festejar esse aniversário juntos. Mas eu hesitei por alguns momentos e falhei. Tal como no futebol, na vida não podemos falhar nos grandes momentos, sob pena de sermos eliminados. Uma hesitação saiu-me muito caro. E apesar de tudo o que aconteceu, ela lá vive a vida dela descansada e feliz (segundo me contaram até vai fazer uma série de viagens nos próximos tempos, resta saber com quem, dado que nunca viaja sozinha). Hesitei... perdi... acho que o erro e a hesitação não são tão humanos quanto julgava. Custa lidar com isto tudo. Custa mesmo muito...
2- Nas últimas semanas tenho tentado combater a desilusão, a tristeza e o vazio. Mas sempre que acordo o primeiro pensamento é: "amanhã é outro dia". Um dia, o dia seguinte será mesmo "outro dia".
Sou uma merda. Não sou imprescindível. Não sou inesquecível. Nunca ninguém sofreu por mim. Nunca ninguém sentiu a minha falta ao ponto de estar nas ruas da amargura por isso. Nunca ninguém teve saudades minhas. Nunca me amaram, mas tudo aquilo para que servi foi para preencher necessidades de todas as que se aproximaram de mim. Nunca fui o "menino querido" de ninguém, nem mesmo da minha mãe. Nunca fui elogiado em público. Nunca fui um exemplo para ninguém. Não posso dizer que alguém me tenha amado com todas as suas forças. Não sou ninguém. Ninguém está preocupado ou interessado com aquilo que eu penso, digo ou sinto. Ninguém está verdadeiramente preocupado em ouvir-me. Ninguém tem uma grande vontade de me ver. Só me contactam quando precisam. Sou um desastre. Raramente se lembram de mim nos anos ou no Natal. Sou motivo de chacota por toda a gente. Não sou levado a sério por ninguém. Ninguém me ouve. Ninguém se lembra de mim. Sou feio. Não sou atraente. Ninguém me atura. Sou mesquinho. Sou ridículo. Sou implicante. Sou estranho. Sou esquisito. Sou diferente. Não me consigo impor na vida. Não tenho capacidade para me impor. Não sou digno de viver. Não sou digno do trabalho que tenho. Sou anti-social. Nunca ninguém me colocou acima de tudo por um segundo que fosse. Nunca venci na vida. Nunca tive nada de mão beijada. Sou um fracassado. Sou um falhado. Sou um frustrado. Não tenho futuro. Não tenho presente. Preferia não ter passado. Não tenho gosto. Não tenho honra. Não tenho orgulho. Não tenho vida. Sinto-me mais só do que o último Ser Humano à face da Terra. Ninguém tem prazer em conhecer-me. Ninguém tem vontade de me conhecer. Quem me conhece, arrepende-se. Sou um fardo para toda a gente. Sou um brinquedo para toda a gente. Sou um instrumento para as pessoas. Sou um zero. Sou uma merda.
Ontem estava com o meu grupo de amigos, quando duas mulheres, relativamente bonitas se começam a meter connosco de forma subtil. Uma delas, curiosamente a mais bonita das duas, meteu-se comigo duas vezes. A situação foi de tal forma surpreendente para mim e pareceu ser tão "boa demais para ser verdade", que a única coisa que consegui fazer foi não ter reacção e deixar passar a oportunidade. No fim, ainda se despediu de mim e eu deixei-a ir embora. Mal abandonou o local levei automaticamente as mãos à cabeça e pensei como pude ser tão estupido para não ter conseguido reagir e sequer dar-lhe bola ou o meu número de telefone! Como é possível que tenha deixado de raciocinar e não tenha conseguido reagir? Para quem se queixa da falta de oportunidades, como eu, creio que ontem tive a prova do porquê delas não aparecerem: não as aproveito, logo, não as mereço!